O Brasil hoje é o país com maior índice de registros de crimes homofóbicos no mundo, segundo o GGB (Grupo Gay da Bahia). Cerca de 70% dos assassinatos por LGBTfobia ficam impunes, como um exemplo dos diversos que poderíamos citar, o caso de Alexandre Ivo, assassinado no Rio de Janeiro, aos 14 anos de idade em 2010.
Segundo estudo de 2014 da Universidade de São Paulo, sete de cada dez homossexuais já sofreram algum tipo de agressão verbal ou física. A ONG Transgender Europe coloca o Brasil como líder mundial no ranking de assassinatos de pessoas trans* e travestis. A expectativa de vida de uma transexual e travesti brasileira, gira em torno dos 30 anos de idade.
Dentro da comunidade da modificação corporal brasileira a heteronormatividade é forte, como nos mostra o trabalho antropológico de Camilo Braz (2006). Casos de homo, lesbo, bi e transfobia também não são raros. Assim como é de conhecimento geral a presença de profissionais e estúdios com inclinações neonazistas e fascistas em todo território nacional. Ainda, considerando que a violência ao qual os corpos modificados sofrem, estejam bastante relacionada com a homo, lesbo, bi e transfobia, esse curso surge com a proposta de ação direta e efetiva contra essas violências físicas e simbólicas, que podemos chamar de crime de ódio. Pensando em um enfrentamento direto com essa situação hedionda a qual o Brasil historicamente tem enfrentado é que esse curso surge. É com a plena consciência de que o Estado faz vista grossas para essas questões que esse curso surge.
Por fim, é indissociável da história das modificações corporais contemporâneas – seja brasileira ou de qualquer outra parte do mundo – a importância do movimento LGBTQIA+ para propagação e consolidação técnica e teórica. Buscaremos lembrar, caso as pessoas – algumas propositalmente– tenham esquecido.
(Texto escrito em 2016)
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Em 13 de Junho de 2019 o Supremo Tribunal Federal – STF decidiu que a LGBTfobia é crime, podendo ser enquadrada no crime de racismo.